quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Perdendo o foco


Minha cabeça às vezes funciona como uma câmera dando zoom. Meu olhar vai rapidamente pra frente, e então refocaliza, mas não tão rápido que eu não possa sentir. E quando eu penso "vou ficar tonta", minhas oculares já reajustaram o foco e tudo já está de volta ao normal. Mas a sensação de que eu apertei o botão de zoom fica, e eu só fico me perguntando como essas coisas acontecem... Nem sei se o fato de eu estar com fome mas estar aqui viajando em livros-rizoma e suas correlações com o exterior tem algo a ver com isso.



domingo, 16 de novembro de 2008

Do sentimento de eternidade

Lembra de todas as coisas que um dia você acreditou que eram pra sempre?


Elas foram embora, todas. E não sobrou uma. 

Mas, sabe de uma coisa? Acho que, uma a uma, elas voltarão. Já começou, e talvez as coisas todas venham de volta, numa debandada em marcha à ré, como que tentando chegar ao ninho. 

Há alguma coisa nos nossos sentimentos de para-sempre que faz as coisas insistirem em não nos deixar definitivamente jamais. E de algum modo, tudo aquilo que você achou que fosse eterno, não importa quanto tempo faz que você o deixou, acaba encontrando o caminho de volta. 

Como aquele gato velho, que não importa o quanto tenha de caminhar nem o quão estrupiado ele há de ficar; à casa sempre torna. 

domingo, 9 de novembro de 2008

Esperando o bis

Obrigada stream, por existir. Obrigada conexão, por não cair. Obrigada Chrome, por conseguir rodar o vídeo. Obrigada Ricky, por pular descontroladamente, se jogar na galera e mostrar sua cuequinha vermelha sexy. Obrigada Andrew, Simon, Nick & Nick, pelo ponto alto da minha existência em frente a esta tela.

Mas a próxima eu quero ver de perto, e não com o maldito cristal líquido entre a gente.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Imagens de uma eleição

A cobertura da vitória de Obama me deixou com alguns nós na garganta.

Primeiro, seu discurso emocionado e empolgante. Cheio de um patriotismo exagerado, como convém a todo americano, mas emocionante de qualquer forma.

Segundo, a imagem de um velho dizendo que nos últimos anos, quando viajava para fora do país, tinha vergonha de dizer que era americano e dizia que era canadense. E que agora isso ia mudar. E o fato de que ele não está sozinho. Orgulhosos dessa vitória, são mostrados negros americanos, brancos americanos, crianças indonésias, quenianos, Lula, e todos que, de certa forma, se vêem representados na história de Barack Obama.

Terceiro, a história da senhora de 106 anos que fez um esforço tremendo para ir à cabine de votação dar sua contribuição para a vitória dele. Me lembra uma história que minha mãe conta, da eleição de 2002, de uma senhora muito doente, que mal andava e tremia toda, mas queria a todo custo entrar na seção e votar no Lula -- só nele, ignorando todos os outros cargos --, e ficou desesperada porque não conseguia apertar o botão da urna e ajudar a eleger o homem em quem ela tanto confiava.

E por último, o discurso de John McCain. Esse, sim, foi um duro golpe, e eu quase não pude conter as lágrimas. O perdedor conclamou toda a nação a se unir e apoiar o novo presidente, para fazer da América um país mais forte e mais justo. Tão digno. Não pude deixar de pensar que jamais, jamais verei uma cena como essa no Brasil. Jamais.